Subo sem paragens. Calmamente, um de cada vez. Cento e oito degraus para ser mais preciso. Espalhados por seis patamares e em cada um há duas portas, drt e esq. Em dois há vasos com plantas tristes que sobrevivem reféns num espaço que não é o delas. Há guarda-chuvas à espera da chuva e pelo menos um par de sapatos junto ao tapete. As escadas são estreitas e a pouca luz que vem, vem de cima e é para lá que vou, evito o elevador e aproveito os cento e oito degraus para organizar dezenas de pequenos pensamentos aleatórios e inconsequentes. A minha porta é aquela, neste patamar não há plantas nem guarda chuvas. Não me lembro do que estava a pensar, só qualquer coisa sobre o pão que devia ter comprado.
A sala está cheia de luz aquecida pelo sol baixo. Da minha janela, no topo desta colina vejo os recortes duma cidade que contém muitas cidades. Bairros, ruas, línguas e cheiros. Praças de sol e vielas de sombra permanente. Esta cidade só existe neste exacto momento. Neste espaço entre a cidade que existiu e a que ainda não aconteceu. 
Agora.
É agora que a vejo, é agora que existe.
Da próxima vez que subir as escadas e olhar pela janela, a cidade será outra.
Uma peça que resulta dum equilíbrio entre as formas e as cores. Uma composição de geometria fluida que nos remete para um imaginário modernista com as cores que a luz de Lisboa realça. Entre a natureza e o calcário bem visível pela janela do espaço para onde foi pensada. Ao fundo, os jardins e a construção, o orgânico e o racional, em pinceladas que exploram os limites estabelecidos. 
As cores aparecem em várias formas e tons criando várias camadas. Uma hierarquia negociada e bem definida.
Uma encomenda para um projecto coordenado pela arq. Margarida Feio
Peça única, assinada e entregue com certificado de autenticidade 
300cm x 140cm
Tinta acrílica, tempera vinílica, gesso, lápis de carvão sobre estopa de linho esticada em grade de madeira
Todas as nossas peças podem ser entregues já emolduradas. Contacte-nos para obter preço.
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